100 anos depois da primeira sessão municipal ali realizada, precisamente em 1925, a 1 de março foi inaugurada a reabilitação integral dos Paços do Concelho. Este edifício foi alvo de uma requalificação integral, num investimento aproximado de 3,2 milhões de euros. As obras incluíram a generalidade do piso térreo e dos primeiro e segundo andares, procurando-se minimizar a intervenção ao mínimo indispensável nas áreas do átrio, escadaria principal e salão nobre, onde se situam os elementos arquitetónicos mais relevantes e que se encontram globalmente em bom estado de conservação.
Para Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia, "esta reabilitação respeitou o projeto original e o seu arquiteto. Sentimos o peso institucional de um edifício que marca a democracia e o orgulho gaiense. As colunas da entrada representam a verticalidade que se impõe a quem cá entra. É mais um projeto que fica encerrado neste ciclo autárquico”.
Na medida do possível, a intervenção em causa implementou soluções que possibilitem a acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida; manter elementos de construção e revestimentos interiores do edifício; remodelar as infraestruturas elétricas e hidráulicas; remodelar o salão nobre, garantindo a instalação do sistema de distribuição de som, conferências e sistema de distribuição de vídeo e projeção; reabilitar todas as madeiras interiores; e remodelar as zonas de circulação.
Durante a tarde, os Paços do Concelho tiveram as suas portas abertas ao público que tivesse interesse em conhecer melhor este edifício histórico. Tratou-se de uma obra que respeitou o autor do edifício, o arquiteto Francisco d’Oliveira Ferreira, e que ao mesmo tempo (re)afirmou o peso institucional desta casa como sede da Democracia no concelho. Preservar o património, é salvaguardar a memória e a identidade coletivas.
De referir que o edifício dos Paços do Concelho de Gaia é um exemplo paradigmático das obras do arquiteto Francisco d´ Oliveira Ferreira, e bem representativo do movimento arquitetónico do primeiro terço de 1900 em Portugal. Arquitetonicamente, o edifício é marcado por um certo ecletismo ao nível da sua conceção. Implantado num terreno de "gaveto”, todo o edifício principal foi trabalhado para os dois eixos viários que o servem. Francisco d’Oliveira Ferreira é ainda responsável por obras icónicas como o Sanatório Marítimo de Francelos e o mítico café «A Brasileira», no Porto.
Fonte/Foto: CM Gaia