Depois de um período de trabalho em rede que envolveu diversas instituições e tipos de iniciativas, o Plano Municipal de Saúde de Gaia (PMS) foi apresentado, a 22 de maio, num auditório Manuel Menezes de Figueiredo completamente lotado. O documento apresenta cinco áreas prioritárias de intervenção para os próximos anos: alterações climáticas; excesso de peso e obesidade; saúde mental; doenças de notificação obrigatória: HIV e outras infeções sexualmente transmissíveis e tuberculose; e doenças transmitidas por vetores e zoonoses.
Elisabete Ramos, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) – uma das instituições parceiras do Município neste trabalho –, explicou as razões para a seleção destas áreas prioritárias: "Uma parte importante é porque têm uma prevalência grande, por exemplo quando pensamos no excesso de peso ou obesidade, ou porque são também determinantes chave das doenças ou dos problemas que eram mais frequentes na população ou causavam mais perda de anos saudáveis". No que toda às doenças de notificação obrigatória ou IST, justificou que esta escolha "não significa que o município esteja pior do que outros municípios", mas está "alinhado com o facto de serem patologias preveníveis, com potencial para resolução e que a nível nacional e local parecem estar com uma tendência crescente”. Já quanto às doenças transmitidas por vetores ou zoonoses, "também não significa que o município tenha um problema particularmente grave nesta área”, mas está "na lógica de jogar com o ambiente, o animal e o humano”, esclareceu ainda.
De acordo com Elisabete Ramos, o grande objetivo do PMS de Gaia passa por "promover saúde e não resolver doença”, através de um trabalho sempre assente no princípio de que "é necessário integrar, por um lado, e também de que a política tem um papel extraordinariamente relevante na saúde da população”. "Este plano tem como ação primordial a ideia da intersectorialidade e da participação dos cidadãos e das instituições que estão no terreno", com enfoque particular na relação entre "animais, pessoas e ambiente”, sublinhou a responsável.
Já o presidente da Câmara Municipal destacou que este é "um plano que trata muito mais do que de saúde. É o corolário de um trabalho de rede, de parceria entre todas as instituições do concelho. A saúde tem um papel integrado na sociedade, mas também integrador de todas as outras dimensões. E não há saúde integrada se não articularmos o trabalho com as nossas escolas, com as associações de pais, com as nossas IPSS, com as nossas juntas de freguesia, que têm aqui um papel fundamental”, afirmou. Neste contexto, para Eduardo Vítor Rodrigues, a apresentação do PMS "deveria ser só a apresentação do plano municipal de bem-estar, de qualidade de vida, de desenvolvimento sustentável. Porque aquilo que pretendemos não é apresentar um plano que evite a doença ou que trate a doença naquilo que são as responsabilidades do município nesta área. Aquilo que pretendemos é que este plano seja tão multidimensional e heterogéneo como a saúde ou como a própria realidade social”.
A concluir, o presidente da autarquia sublinhou ainda que o plano agora apresentado "não é apenas o ponto de chegada do trabalho feito, é o ponto de partida de muito trabalho que temos para fazer. E que este ponto de partida seja atuante, mas seja crítico. Temos de ter esta dimensão crítica para aperfeiçoar, melhorar e para adaptar os objetivos, os instrumentos, às novas realidades”, sempre com o objetivo central da "melhoria da qualidade de vida do nosso concelho”.
O Plano Municipal de Saúde de Gaia foi elaborado na sequência de um trabalho de diagnóstico realizado a partir de grupos focais, oficinas da saúde, sessões de auscultação e questionários aos representantes das juntas de freguesia e uniões de freguesia. Para a implementação do documento, cada área prioritária terá os seus objetivos específicos e haverá um eixo de gestão na saúde, sempre com base num planeamento integrado resultante de um trabalho conjunto entre a Câmara Municipal de Gaia, a Unidade Local de Saúde Gaia/Espinho e o ISPUP.
Fonte/Foto: CM Gaia