Defensor da "adoção de uma política social de habitação, em detrimento de uma política de habitação social", Pedro Calado, da Fundação Calouste Gulbenkian, sublinhou, esta quarta-feira, a importância de haver "maior transitoriedade, mobilidade e mix social" nesta área.
"Precisamos de ter uma maior possibilidade de mobilidade dentro do mercado de habitação. Se mudar de posto de trabalho, devo ter a possibilidade de encontrar uma habitação perto desse posto de trabalho", sustentou o geógrafo, exemplificando com a situação de um cidadão residente no Norte do país que tenha de ir trabalhar para a região do Algarve.
Orador na conferência "As relações em contexto de habitação social", que decorreu na manhã desta quarta-feira na sede da empresa municipal GaiUrb, em Vila Nova de Gaia, o diretor adjunto da Gulbenkian recuou na História até à Revolução Industrial, para explicar como surgiram os primeiros bairros operários, e lembrou que "a mistura social é fundamental para a coesão da sociedade".
Para o especialista, é também importante "estimular a promoção de nova habitação a custos controlados por parte das autarquias, IPSS, cooperativas e/ou outros apenas quando não existir possibilidade de reabilitação e requalificação".
Joana Azevedo, da GaiUrb, lembrou, no painel dedicado aos modelos de gestão do espaço comum em empreendimentos sociais, que a Câmara de Gaia "tem investido noutras medidas [de apoio à habitação] além do arrendamento apoiado, que por si só não responde aos problemas". A coordenadora da unidade de Ação Social da empresa municipal destacou, por exemplo, o Programa Arco-Íris, que possibilita o acesso ao arrendamento, em condições vantajosas, a jovens e agregados familiares com baixos rendimentos.
om um modelo diferente, por não ter serviço de Ação Social, a Domus Social, que gere a habitação social da cidade do Porto, tem um projeto recente, designado "Um gestor, uma história", dedicado aos gestores de entrada das habitações municipais e com o objetivo de "valorizar esta figura", que, como salientou Luísa Santos, "tem uma proximidade muito grande com os técnicos" da empresa.
Por sua vez, Sónia Pereira, da MatosinhosHabit, fez saber que a empresa está a "capacitar os moradores para uma melhor manutenção e gestão dos espaços comuns". "Os técnicos vão para o terreno auscultar todos os moradores, no sentido de perceber quais os principais problemas da sua entrada", explicou a responsável.