Depois das 49 propostas submetidas ao Concurso Público Internacional de Conceção para o Gaia Museu-Ambiente e na impossibilidade de cumprir a intenção de expô-las publicamente, a Câmara Municipal de Gaia reuniu estes trabalhos num livro que foi apresentado a 22 de fevereiro, no Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner. "Tendo este concurso o objetivo de devolver à cidade uma herança de grande valor patrimonial e histórico, entendemos que esta publicação servirá não só de registo para memória futura daquilo que é simultaneamente inovação e legado, retratando o passado, o presente e o futuro de Vila Nova de Gaia, como regista as propostas de conceção submetidas à avaliação e análise do júri do concurso e, de uma forma sucinta, o procedimento concursal”, pode ler-se nas notas introdutórias desta obra.
De referir que o complexo industrial da antiga Fábrica de Cerâmica e de Fundição das Devesas, adquirido pelo Município de Gaia, é um dos mais relevantes imóveis com valor histórico e cultural do concelho. O potencial da sua recuperação vai muito além da mera preservação do edifício ou do seu espólio e, por isso, desde o início, os desafios para este equipamento eram brutais. Assim, definiu-se que o Gaia Museu-Ambiente será "um museu vivo das alterações climáticas em Portugal e no Mundo, sensibilizando o visitante para as problemáticas ambientais e as suas consequências e implicações na qualidade de vida dos cidadãos. Pretende-se com este museu oferecer experiências desafiadoras sobre as alterações climáticas através de objetos interativos e dinâmicos que despertem os cinco sentidos numa tentativa de sensibilização multigeracional para as alterações climáticas no Planeta”.
Partindo desse pressuposto, a proposta da empresa V.A.S.S.C.O. foi a grande vencedora. Para esta equipa, liderada por Pedro Lagrifa de Oliveira, "o museu atua como catalisador de um diálogo estreito entre as matrizes histórica e biofísica do lugar onde se instalou a cidade industrial de Gaia, surgindo como mediador do passado, do futuro, da cultura e da natureza”.O Gaia Museu-Ambiente terá cinco salas de exposição, um auditório com capacidade para 400 lugares (polivalente para espetáculos de natureza variada), estacionamento para 600 lugares, zonas técnicas e salas de administração.
"Este será um espaço onde a memória se cruza com a definição das linhas do futuro e um espaço onde se respeita a alma do local. E aquele local só tem alma porque passaram por lá pessoas, histórias, modelos de organização e tempos históricos. No fundo, tentamos representar gerações passadas e projetar gerações futuras, numa abordagem humanista e adaptativa”, afirmou Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia.
Este museu, orçado em 25 milhões de euros, deverá ser capaz de projetar o Município de Gaia além-fronteiras, quer pela sua temática, quer pelo valor do projeto de arquitetura. Seguir-se-á o lançamento do concurso público para a construção (com duração prevista de nove meses), sendo que a construção deverá decorrer ao longo de dois anos.