É em Santo Ovídio que avança a velocidade de cruzeiro a extensão da linha amarela do metro até Vila d'Este em Vila Nova de Gaia. E é onde está a ser erguida uma das empreitadas de maior envergadura e imponência: um viaduto com cerca de 500 metros e três mil toneladas. Mas também é um local carregado de história, conforme contou Germano Silva em mais um dos seus passeios.
Foi a curiosidade sobre as obras do metro do Porto que levou José Costa, de Ermesinde, e Helena Milheiro, de Vila Nova de Gaia, a assistirem a um dos passeios de Germano Silva. Longe de imaginarem o tanto que iriam aprender numa manhã de sábado.
"Gosto de tirar fotografias de obras. Nunca mais irei ver este local da mesma forma. É uma obra fantástica", disse Helena Milheiro, espantada com toda a dimensão do viaduto que está a ser construído em Santo Ovídio, no âmbito das obras de expansão da linha amarela do Metro do Porto, que vai ligar o Hospital de S. João a Vila d' Este. Uma empreitada que deverá estar concluída no final do ano e tem um custo total superior a 400 milhões de euros
É que, apesar de o primeiro tramo do tabuleiro, com 400 toneladas, ter sido lançado apenas em outubro do ano passado, a obra já manifesta imponência pelas suas três mil toneladas (apenas no que diz respeito à estrutura metálica) e pela forma como foi conseguida a curvatura do viaduto. Aliás, o pormenor considerado de maior dificuldade técnica em toda a empreitada e o que levou José Costa a querer ir ver com os próprios olhos.
"Sou topógrafo e estou reformado. Mas sempre andei em obras. Tinha curiosidade em ver o viaduto. Eu sei que toda a gente está a olhar para tudo mas eu sou aquele que está a olhar para as marcações e para aquela curva fabulosa. É uma estrutura muito especial. Nunca irei esquecer este momento"
"Se isto causa admiração imaginem como teria sido a montagem da ponte Maria Pia naquela época", sublinhou o historiador Germano Silva, acrescentando um pormenor desconhecido de todos: o facto de, à entrada de todos os túneis do metro do Porto, estar uma imagem de Santa Bárbara, a padroeira dos mineiros, e um chaveiro, simbolizando a forma que os mineiros tinham em determinar, a qualquer momento, quantas pessoas estavam no subsolo a trabalhar.
Pela boca de Germano Silva, ficou a conhecer-se também a história do santo que deu nome àquela zona, um ilustre cidadão romano, de origem siciliana e nome latino Auditus. Trata-se de Santo Ovídio, o bispo, que morreu no ano 135, e cujo nome foi dado a uma capela e, mais tarde, à zona onde atualmente termina a linha amarela do Metro do Porto.
"Chegou a haver uma capela mas um senhor rico não gosta porque tapava as vistas para o mar. Mandou demolir e depois foi construída uma nova nesta zona que, na altura, pertencia a Mafamude", contou ainda Germano Silva, classificando o bispo de Braga, vulgo Santo Ovídio, como "um santo extravagante".